Introdução do Ensaio Teológico: Hermenêutica Bíblica Indígena

Publicado no Compartilhando Na Web - Artigos em 24/novembro/2008 - para ler este arquivo na íntegra, clique aqui.

Introdução

Evangelizar. Imperativo deixado pelo Senhor Jesus Cristo, quando manda que estejamos levando esse Evangelho a toda criatura (Marcos 16.15). Não podemos fugir dessa tarefa se nos dizemos Seus seguidores/as, se nos dizemos cristãos/ãs. Ilusão nossa achar que podemos deixar de realizar essa tarefa…

Como teria sido bom se o impulso que motivou tantas pessoas a virem, por exemplo, para o Brasil, tivesse sido esse ardor missionário…

Infelizmente não foi isso que aconteceu. Muitos sofreram com a “evangelização” neste país. E estamos apenas falando deste país! Mas isso aconteceu em muitos lugares. "Evangelização" nesse caso pode ser sinônimo de conquista, massacre, desprezo e, por que não dizer, de roubo. A Bíblia era empregada para satisfação de vontades particulares dos seus detentores e não para a exaltação do Dono dessa Palavra. Esse Texto Sagrado foi até mesmo interpretado para a satisfação daqueles que queriam apenas o seu próprio bem estar. E isso aconteceu e acontece ainda hoje: alguns se julgam os detentores do Sagrado e manipulam esse Texto para o seu pessoal prazer. Muitas pessoas são desprezadas em nome de uma realidade espiritual que não tem como base a Bíblia, mas a interpretação pessoal da mesma, observando-se a si próprio somente.

Alguém sofre com isso. Temos os indígenas neste texto como quem ocupa essa posição. Em nome de Jesus e da Sua Cruz muitos índios perderam a sua vida e não por amor ao Evangelho. Em nome de uma evangelização que, na realidade, não foi conforme ao padrão do Evangelho (Amar ao próximo como a si mesmo) muitas pessoas sofreram. Uma interpretação unilateral rendeu a morte de pessoas que não tiveram a oportunidade de um conhecimento real do Senhor Jesus. E mais: nem queriam estar com o mesmo (Jesus), se esses que estavam trazendo essa mensagem estariam com Ele. Há relatos de índios que diziam com todas as letras que não queriam "ir para o céu" se aqueles que estavam "evangelizando" estariam por lá (cf. SEPULVEDA, J. G. Tratado Sobre las Justas Causas de la Guerra contra los Índios, México, Fondo de Cultura Econômica, 1987).

Quantas vezes os/as cristãos/ãs se preocupam em tomar para si esta realidade da interpretação do texto divino. Só não podemos nos esquecer que muitas vezes, em nome do Evangelho, dessa Palavra que revela a justiça divina para com os injustiçados, do Cristo das Bem-aventuranças (Mateus 5.3-12), os/as próprios/as cristãos/ãs cometem injustiças. Exemplo claro disso foi a evangelização/conquista desta terra em que hoje moramos. Os índios não eram respeitados em sua própria cultura e sua condição de ser humano. Não eram nem vistos como tal. Muitos índios morreram em nome do Evangelho (na verdade, da conquista). Muitos índios foram injustiçados com base na evangelização/conquista .

Precisamos reler esse Texto Sagrado com base no próprio índio. Isso é fazer hermenêutica: ir até o texto, conhecer sua situação e contexto (esse caminho de "ida" é a Exegese) e trazer a sua interpretação para os nossos dias. Fazer o caminho de "volta" do texto para a realidade é tarefa da hermenêutica, não com base em interesses pessoais e mesquinhos, mas com a informação do que o texto queria dizer. Já temos pessoas clamando por isso e este texto tenciona mostrar algumas dessas pessoas e como realizam esse trabalho hermenêutico do Texto Sagrado. Estaremos mostrando algumas perguntas que essas pessoas fazem para esse caminho de interpretação e possibilidades da mesma.

Publicado no Compartilhando Na Web - Artigos em 24/novembro/2008 - para ler este arquivo na íntegra, clique aqui.

----

Este texto, claro, tem como base a questão indígena. Mas é preciso pensar no evangelismo que é feito hoje em dia, mesmo que não tão destruidor ou conquistador do ponto de vista da "terra" ou do "espaço", mas muitas vezes oprimindo pessoas em nome de um evangelho que não é o apresentado nas páginas da Bíblia. E quem apresenta o que a Bíblia diz é desacreditado ou tido por herege.

Isso sem contar com um fato: muitos deixam de acreditar no "Evangelho" pelo que é pregado e apresentado, que não está nas páginas da Bíblia. Quer dizer: deixam de acreditar não no Evangelho de fato, mas no que é dito ou mostrado, que está muitas vezes longe da realidade e ficam distantes da Verdade que liberta!

Que possamos aproveitar esta reflexão e observar como tem sido a nossa pregação: se dizemos o que achamos que deve ser ou o que realmente é. Se dizemos o que dá "ibope" ou o que o Senhor Jesus realmente disse. Que possamos anunciar ao Senhor e não a vontade de alguns!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O anel: Quanto você vale?

O "silêncio" de Deus - 8

Resumo dos livros da Bíblia - 1 e 2 Samuel (2)